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Depoimento do Dr. Daniel publicado na Revista de Medicina da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo em 2012 edição especial Especialidades Médicas – Cirurgia de Cabeça e Pescoço
Iniciei meus estudos médicos na Casa de Arnaldo no ano de 1997 e conclui o sexto ano em 2002 (turma 85). Após passar um ano como segundo tenente médico do Segundo Batalhão de Polícia do Exército (em 2003), comecei minha especialização em cirurgia geral em fevereiro de 2004. Durante os seis anos de faculdade pensei em fazer várias especialidades (obstetrícia, cardiologia, psiquiatria, etc), até que no primeiro semestre do sexto ano (durante o estágio de cirurgia do hospital universitário) decidi pela cirurgia. Ao iniciar o R1 de cirurgia geral imaginava fazer cirurgia vascular, porém meu primeiro estágio foi nessa especialidade e logo percebi que não queria isso para mim. Passei a pensar em outras áreas como cirurgia do aparelho digestivo ou trauma, porém sem muita convicção. No R2, durante o estágio em cirurgia de cabeça e pescoço é que realmente me defini pela especialidade.
Iniciei o R3 em cirurgia de cabeça e pescoço em fevereiro de 2006 concluindo a especialização no início de 2008. Fiz prova para título de especialista no primeiro semestre de 2008 e desde então atuo ativamente em hospitais da grande São Paulo.
É difícil identificar e quantificar os motivos que me levaram a decidir por essa área. Sempre tomei decisões de última hora, e de certa forma acredito que isso foi bom porque permitiu que eu mantivesse minha cabeça aberta para todas as possibilidades. Desde a minha escolha por fazer medicina (que decidi nos últimos dias que antecederam a inscrição para o vestibular), até a decisão por cirurgia no sexto ano da faculdade e finalmente a decisão por cabeça e pescoço no R2.
A Cirurgia de Cabeça e Pescoço apresenta algumas características que me cativaram muito. Primeiramente é uma especialidade que trata principalmente de problemas oncológicos, o que é muito recompensante, e permite que as vezes efetivamente “salvemos a vida” de nossos pacientes. Tratamos de uma área com anatomia sofisticada, com muitas estruturas nobres envolvidas, e portanto, desenvolvemos uma técnica cirúrgica muito apurada e delicada, o que também é muito prazeroso. Outro ponto positivo é que nossos pacientes, na maioria das vezes, tem um período de recuperação pós operatória curto no hospital, o que não nos obriga a muitos dias de visita hospitalar, nos permitindo ocupar o tempo com outras atividades.
O procedimento mais comum na nossa especialidade (nosso “feijão com arroz”) é a tireoidectomia, que eu particularmente acho uma cirurgia muito interessante. Também realizamos procedimentos para tratamento de problemas nas glândulas paratireóides, glândulas salivares, cistos e fístulas cervicais, tratamento de tumores de boca, faringe, laringe, metástases cervicais, etc.
A maioria dos nossos pacientes tem problemas de complexidade média (tumores de tireóide por exemplo), cujo tratamento envolve curto período de internação hospitalar. Porém tratamos também de problemas bem mais complexos, envolvendo procedimentos muito mórbidos e mutilantes (laringectomia total por exemplo), o que apesar de desafiador, pode ser um tanto frustrante em algumas situações.
O início da carreira ainda apresenta alguma facilidade em conseguir espaço no mercado (isso está mudando rapidamente como no resto da medicina), e a grande maioria dos cirurgiões de cabeça e pescoço recém formados consegue trabalho tanto em instituições do SUS quanto em instituições privadas. Também como no resto da medicina os convênios são uma realidade bastante indigesta, e muitos tem que se submeter a eles para conseguir algum movimento em seus consultórios, principalmente nos primeiros anos.
Atualmente trabalho cerca de metade do meu tempo dedicado a duas instituições onde exerço cirurgia de cabeça e pescoço para pacientes do SUS (Instituto Brasileiro de Controle do Câncer – IBCC, e Instituto do Câncer do Estado de São Paulo – ICESP), e a outra metade invisto no consultório e em hospitais privados. Felizmente parei de trabalhar em atividades fora da minha especialidade há cerca de um ano e meio (muitos colegas passam anos, ou as vezes a vida toda, trabalhando em plantões de pronto socorro ou como hospitalistas para aumentar a renda).
A remuneração da especialidade não é muito diferente da de outras especialidades, e percebo grande variação mesmo entre pessoas da mesma faixa de idade. Acredito que isso é relacionado principalmente com o quanto você trabalha, e o quanto se sujeita a determinados trabalhos. Alguns optam por trabalhar menos e não se vincular com convênios e algumas instituições de menor renome, dedicando mais tempo ao consultório, e nessa fase inicial tem remuneração menor. Outros aceitam ou precisam trabalhar mais, e conseguem remuneração maior
Apesar do início da carreira apresentar algumas dificuldades, acredito que fiz uma boa escolha. Gosto do que faço e consigo um ganho bastante razoável para dar conforto e dignidade para minha família. Sou casado com uma enfermeira maravilhosa que me sustentou durante os anos de residência e atualmente parou de trabalhar para cuidar de nossos dois filhos. Tenho muitas ambições para o futuro (consultório cheio de pacientes particulares) porém mesmo que a vida não seja tão generosa comigo, tenho certeza que serei realizado profissional e pessoalmente.